Apontamentos Sobre a Criação de Canários

 

Registo aqui os aspectos que me parecem importantes na criação de canários, baseado na minha experiência com as raças Harz, Arlequim português e Border. Sempre que se justifique, farei, em cada secção, referência às pequenas peculiaridades relativas a cada raça. Cada criador fará uso deste testemunho da forma que entender, adequando cada aspecto à sua situação de criador fazendo uso da sua sensibilidade relativamente a esta espécie de aves.

 

·    Local de Criação

·    Preparação para o acasalamento

·    Acasalamento

·    Criação

·    Alimentação dos filhotes

·    Algumas experiências

 

Local de Criação

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A localização dos viveiros de criação é um aspecto muito relevante no sucesso das criações. Os viveiros devem localizar-se no interior de um compartimento que passo a chamar de canaril. O canaril pode ser um compartimento da casa, um anexo, a garagem ou uma casinha em madeira. É importante garantir que nem gatos nem ratos tenham acesso ao canaril.

O canaril deve receber algum sol durante o dia, mas não demasiado. É fundamental que cada canário no compartimento interior do canaril, se estiver ao sol, tenha um local que esteja à sombra onde ele se possa resguardar de horas de sol intenso. O canaril deve ter janelas para que haja circulação de ar, e estas devem ter cortinas para impedir a entrada do sol demasiado quente no verão. O canaril deve proteger os viveiros das chuvas, das correntes de ar, de temperaturas muito baixas e de temperaturas muito altas. No meu canaril as temperaturas podem variar dos 8 ºC nas noites frias de Inverno (mas conheço situações em que as temperaturas mínimas são bem mais baixas sem haver problema), aos 40ºC nas horas do pico de calor no verão. Nestas situações de temperaturas muito altas o canaril deve ser refrescado com um pulverizador com água, e ‘jogar’ com a abertura das janelas.

Para obter bons resultados na criação é importante que os viveiros não estejam sujeitos à luz artificial das nossas casas, pois acender e apagar a luz durante a noite ou manter a luz acesa durante várias horas da noite é prejudicial para as criações.

Alguns casais permitem que se veja e mexa no ninho com frequência mas outros são muito zelosos da sua privacidade e para que criem bem é importante não mexer muito no ninho. Por isso, o canaril deve ser um local sossegado e não sujeito ao acender e apagar de luzes nas nossas habitações. O meu canaril está sujeito apenas à luz natural.

Também a humidade é um factor importante, nomeadamente na altura da eclosão dos ovos. Por períodos curtos não se justifica alterar a humidade existente no canaril, mas se a localização do canaril impuser valores de humidade muito elevados >90% por períodos longos (semanas), é importante fazer baixar a humidade (abrindo as janelas, ou com um desumidificador). Se os valores da humidade forem muito baixos (nos dias quentes de verão) pode-se fazer subir a humidade momentaneamente pulverizando o canaril com água (pode-se usar um borrifador de plantas ou aproveitar um frasco vazio de detergente com borrifador, depois de bem lavado).

Os viveiros individuais de criação devem ter entre 35 e 50 cm de comprimento, de 35 a 40 cm de fundo, 35 a 40 cm de altura. No meu caso uso viveiros com 1 m de comprimento, 40 cm de profundidade e 40 cm de altura, que divido a meio fazendo 2 viveiros. Depois das criações retiro a divisória do meio e o viveiro de 1 metro é adequado para que os canários façam a muda da pena e permaneçam o resto do ano.

Actualmente uso viveiros de 1 metro em rede, denominados viveiros galegos. É muito importante que a limpeza das gaiolas seja fácil, e com estes viveiros as gaiolas não se sujam, e são de fácil limpeza.

É vantajoso ter gaiolas ou viveiros todos iguais já que permite uma uniformidade dos acessórios necessários que podem ser usados em todos os viveiros.

É importante ter grelhas do fundo suplentes para trocar com alguma frequência (dependendo do número de aves por viveiro – mais aves sujam mais). Se os viveiros forem todos iguais as mesmas grelhas servem em qualquer um.

A limpeza dos viveiros é facilitada colocando folhas de papel (jornais velhos ou papel próprio) nos fundos dos viveiros. Assim, bastará substituir o papel semanalmente. Contudo é importante uma limpeza mais profunda de vez em quando. O canaril deve também ser mantido limpo. Uma boa sanidade do canaril e dos viveiros impede o aparecimento de parasitas e é muito mais agradável para quem o visita e para o próprio criador. É importante ter água e um lavatório no canaril para facilitar a limpeza e o próprio tratamento dos canários.

 

Preparação para o acasalamento

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Alguns casais podem criar sem terem passado pela “preparação para o acasalamento”. Mas essa não é a regra, pois para a generalidade dos casais esta etapa é um factor de sucesso na criação. Esta etapa tem por objectivo preparar o aparelho reprodutor do macho e da fêmea e fortalecer os canários para a árdua tarefa de criar os seus filhotes.

Todos os criadores já tiveram a experiência de casais que não conseguem criar os seus filhotes, ora porque não chegam a iniciar o acasalamento, ora porque a fêmea não põe ovos, ora porque os ovos não estão fecundados, ora porque os filhotes não nascem, ou, muitas vezes porque os pais não conseguem criar os seus filhotes. Alguns destes problemas são devidos a uma fraca preparação do aparelho reprodutor da fêmea ou do macho, ou a um estado mais debilitado dos pais que não têm capacidade para criar todos os filhos nascidos e sacrificam alguns ou mesmo todos.

A preparação para o acasalamento consiste em cuidar dos seguintes factores determinantes:

·    Limpeza da flora intestinal – usando medicamentos contra os vermes e/ou fermentos e/ou probióticos.

·    Preparação do aparelho reprodutor – administrando vitamina E com alimentos ricos nesta vitamina (ex: sementes de aveia descascada) ou complexo vitamínico.

·    Fortalecimento dos canários – com boa alimentação, papa de ovo e complexos vitamínicos.

·    Criação de “desejo” por acasalar – mantendo machos e fêmeas separados.

 

A forma como se conseguem estes factores determinantes pode variar de criador para criador, conforme as suas convicções e restrições de diversa natureza. Passo a descrever como eu faço a preparação para o acasalamento baseado nas recomendações de algumas marcas de produtos para ornitologia, nas conversas com outros criadores e na minha própria experiência.

No início de Dezembro (no Norte de Portugal – mais a sul poderá ser um pouco antes, mais a norte depois, e noutro continente noutra altura) separo em diferentes gaiolas e sem se verem, as fêmeas dos machos que vou usar para reprodução. Administro os seguintes elementos:

  • Dou um vermicida para a limpeza intestinal em Dezembro e repito em Março.
  • Nas papas adiciono fermentos e um complexo vitamínico.

A partir de Janeiro:

  • Continuo a usar a mesma papa.
  • Semanalmente misturo vitamina E na água (um ou dois dias).
  • Semanalmente misturo Sprinter U na água (um ou dois dias).

 

Papa de encher?

É costume ouvir-se falar em papa de encher para dar às fêmeas antes das posturas. Normalmente é uma papa húmida com forte teor de gordura. Ora, não me parece que a papa de ovo que entra no aparelho digestivo da canária vá originar uma postura de ovos que é gerada pelo aparelho reprodutor. Quando uma canária ainda não está no período de reprodução não é seguramente a papa de encher que vai “encher” a canária de ovos. Contudo, essa papa dita de encher pode ter os seus benefícios, já que fortalece a canária quando ela efectivamente necessita, mas não me parece que vá fazer a canária pôr ovos se esta não estiver já preparada.

 

Acasalamento

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Chamo acasalamento ao curto período (de 1 a 6 semanas) desde que se junta o casal e o momento em que iniciam a criação, com a postura do primeiro ovo. O criador deve iniciar o acasalamento apenas quando o macho e a fêmea estiverem prontos a acasalar.

A altura de iniciar o acasalamento e depois a criação em Portugal é, normalmente, no início da primavera, ou um pouco antes. Sendo o aparelho reprodutor dos canários que dita o início do acasalamento, os meus canários então prontos por volta do início de Março, podendo haver alguma diferença entre casais. Mais a sul do país é natural que este processo comece antes.

Sendo as horas de luz por dia que determinam o ciclo de reprodução dos canários, é possível antecipar o acasalamento, aumentando com luz artificial, e de uma forma adequada, a duração do período de luz de cada dia.

As fêmeas ficam prontas para o acasalamento quando o seu ventre fica mais comprido em forma de ovo. Os machos ficam com o espigão saliente (cerca de 3 a 5 mm).

 

Há diferentes processos de acasalamento:

·    Monogâmico – um macho e uma fêmea. Macho e fêmea ficam juntos até ao fim da criação. Ambos alimentam os filhotes.

·    Poligâmica – um macho com duas ou três fêmeas. Cada fêmea fica na sua gaiola e o macho visita-a na altura apropriada para fecundar os ovos. Há dois métodos do macho fazer a visita às fêmeas. No primeiro método, o criador junta o macho com cada uma das fêmeas apenas por algumas horas, vários dias até a fêmea terminar a postura. No segundo método é necessário que a postura das fêmeas ocorra em períodos espaçados entre elas de forma a que o macho fique durante a postura (iniciando alguns dias antes) junto apenas com a fêmea que está a fazer a postura. Rodando depois pelas outras fêmeas. Em ambos os casos terá de ser a fêmea sozinha a criar os filhotes.

·    Poligâmica – um macho com várias fêmeas num viveiro de criação. São colocados vários ninhos (pelo menos um por fêmea) e as fêmeas escolhem o ninho (por vezes com alguma disputa) para fazer a sua postura. O macho fecunda todas as fêmeas ainda que elas façam a postura na mesma altura. O macho raramente ajuda a alimentar os filhotes, pelo que têm que ser as fêmeas a fazê-lo. Frequentemente umas fêmeas alimentam os filhotes de outras. Este processo só funciona com raças de canários que criem muito bem. A seguir relato a minha experiência com este método, mal sucedido com algumas raças, e bem sucedido com outras desde que sejam tomados alguns cuidados.

 

Passo a descrever o acasalamento monogâmico que é o mais natural e mais habitual e o único recomendado para quem inicia uma criação.

Na minha opinião esta é uma das fases mais gratificantes na criação de canários.

Quando a gaiola de criação o permite, colocam-se, macho e fêmea separados por uma grelha que os deixa verem-se e trocarem comida no bico um com o outro. Normalmente ficam assim durante uma semana ou até começarem a trocar comida pelo bico. Neste período enamoram-se um pelo outro. Se o macho e a fêmea já estiverem prontos como referi atrás, esta etapa pode ser omitida.

Depois de retirar a grelha, ou se não usou grelha, alguns dias (uma semana) depois de os juntar coloca-se o ninho com algumas palhinhas (poucas para não sujar muito a gaiola). Quando a fêmea e o macho transportarem as palhinhas no bico é um ‘convite’ ao parceiro para iniciar o acasalamento. Quando a fêmea iniciar a feitura do ninho deve dar-se-lhe mais material para fazer o ninho. Dentro de 4 a 7 dias porá o primeiro ovo. Nos dias seguintes porá um ovo por dia, sempre um pouco depois de nascer o dia. A postura será de 3 a 5 ovos, normalmente. Uma fêmea na sua primeira postura é habitual pôr menos ovos que nas outras.

Nesta altura não pode faltar a papa (para que os ovos tenham nutrientes suficientes para o desenvolvimento do embrião dentro do ovo), nem o cálcio (osso de choco ou barra de cálcio) para a fêmea poder criar a casca do ovo que é composta de cálcio.

 

Como é que uma ave põe um ovo sem o quebrar?

É fácil de imaginar que muitas vezes as aves quebrariam a frágil casca do ovo no processo da sua postura. Contudo, quando a ave põe o ovo, a sua casca, composta de cálcio, ainda não está sólida como a conhecemos, mas antes uma estrutura flexível e inquebrável. Logo após o contacto do ovo com o ar e o respectivo abaixamento da temperatura, a sua casca solidifica ficando o ovo como o conhecemos.

 

Criação

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            Depois da ave por o 1º ovo, o criador deve retirá-lo, com cuidado para não o quebrar e deixando um ovo falso. Este processo deve-se repetir, todos os dias para os ovos seguintes. No dia em que a ave põe o último ovo, devem então trocar-se os ovos falsos pelos verdadeiros. Assim, todos começarão a ser chocados ao mesmo tempo e passados 13 dias nascerão todos os filhotes. Este processo evita que os filhotes nasçam com dias de diferença e os mais velhos matem os mais pequenos (novos).

            Os ovos falsos compram-se em qualquer loja de produtos para aves. Normalmente são de plástico e de cor azul, verde ou cinzentos. O facto de se deixarem ovos (falsos) no ninho, incentiva a fêmea a continuar com a postura normalmente.

            O último ovo pode ser identificado por ter uma coloração um pouco diferente da dos restantes. Se ainda assim, o criador não reconhecer o último ovo, deve continuar o processo de substituição até ao quinto ovo (muito dificilmente haverá um sexto). Se a canária deixa de por ovo num dos dias, então o do dia anterior foi o último e deve trocar-se os ovos. (No caso dos canários de raça Border é normal a canária fazer um dia de intervalo sem por ovo).

            Os ovos verdadeiros que se retiraram devem ser cuidadosamente guardados numa caixa sobre areia, algodão, sementes ou outro produto que os mantenha de forma segura e delicada. Será aconselhável que os ovos guardados sejam virados todos os dias para que o embrião não fique agarrado à superfície da casca do fundo do ovo inviabilizando o seu nascimento.

            A fêmea começará a ficar mais tempo no ninho para chocar os ovos entre o 3º e o 5º ovo (dia). Dependendo da raça e da personalidade do próprio pássaro, este será mais ou menos afoito na tarefa de chocar os ovos (as fêmeas border dificilmente saem do ninho). É comum que o macho também vá para o ninho enquanto a fêmea vai comer, assim como será normal ver o macho a alimentar a fêmea no ninho.

            Durante o choco a fêmea conhece bem os seus ovos e o que têm dentro, e vai os posicionando de forma a aquecer melhor os que estão viáveis, e por vezes pode até deitar fora alguns ovos não ‘galados’.

            Durante o processo de choco dos ovos deve retirar-se a papa ao casal para evitar que fiquem muito gordos (particularmente o macho), já que neste período de criação terão sempre à disposição comida bastante nutritiva e calórica.

            Por volta do sétimo dia de choco, também o criador pode identificar os ovos que têm o embrião em desenvolvimento e os que não estão ‘galados’ ou que o embrião morreu. Para isso, deve pegar cuidadosamente no ovo e coloca-lo em contraluz (ficando numa zona de sombra e colocando o ovo contra o céu – se estiver sol). Se o ovo estiver opaco, então está em bom desenvolvimento, se pelo contrário estiver transparente então não há embrião em desenvolvimento.

 

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            Fig. 1 - Ovos escuros ou opacos com o embrião em bom desenvolvimento.

 

 

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            Fig. 2 - Ovos claros ou transparentes sem embrião.

 

            Apesar de poder haver alguns ovos claros podem ficar no ninho já que servirão de apoio aos passarinhos com poucos dias.

 

 

Alimentação dos filhotes

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Os embriões em desenvolvimento nascerão por volta do 13º dia. A fêmea aquece muito bem os seus ovinhos e vai muito delicadamente ajudando os filhos a nascer. Por vezes a película interior do ovo fica pegada ao passarinho, só a mãe com o seu calor o pode ajudar. A mãe vai tentando retirar as cascas de ovo do ninho à medida que vão eclodindo. Podemos perceber que nasceram os filhotes vendo as cascas de ovo no solo da gaiola ou nos comedouros.

            É agora muito importante dar uma alimentação adequada.

            Apresento aqui a alimentação que uso para os primeiros 30 dias de vida dos canários, alertando para o facto de não ser a única possível.

            Um dia antes do nascimento dos filhotes inicio o esquema de alimentação, para prevenir um eventual nascimento precoce e para fortalecer e habituar os pais.

Forneço diariamente papa de criação, e dou também diariamente sementes germinadas. Como este esquema não é único, pode ser enriquecido dando as sementes germinadas mais que uma vez ao dia (não mais do que duas vezes), tendo sempre a atenção de lavar os recipientes já que estas sementes se deterioram de um dia para o outro criando elementos patológicos para as aves. De vez em quando também dou cuscus, ou ruskies. Em meu entender, estes elementos não devem ser usados com frequência no período das criações devido a serem pobres em proteínas e como os canários preferem os cuscus e os ruskies às papas, deixam de ingerir a quantidade de proteínas e vitaminas contidas nas papas.

A partir do 3º dia de vida deve também ser posta à disposição fruta e/ou verdura na quantidade adequada. Os canários comem muito bem a maça, entre outras frutas. Quanto a verduras são todas muito bem aceites pelos canários. Devem ser lavadas para eliminar eventuais pesticidas e não devem vir directamente do frigorífico porque podem constipar os pássaros.

 

 

Papa de criação:

É enriquecida com um complexo vitamínico, com fermento e eventualmente com um antibiótico.

 

Sementes germinadas:

São o maior petisco para os canários mas muito rapidamente se deterioram, pelo que é necessário usá-las com os devidos cuidados.

Leva dois dias para ter as sementes prontas.

São usadas sementes próprias para germinar, à base de semente de semente de nabo, alpista, níger, linhaça e feijão.

Num recipiente colocam-se as sementes em água. Deixam-se ficar 24 horas. Se ficarem mais tempo começam a fermentar, cheirando mal e sem germinar.

Depois, lavam-se as sementes em água limpa e coam-se bem com um coador. Se ficarem mal coadas a água no fundo do recipiente inicia a fermentação. Colocam-se num tapawer transparente (ou num saco de plástico transparente) e deixam-se ficar tapadas mas com uma pequena abertura, de preferência num local onde recebam luz e um pouco de sol. No dia seguinte estão prontas. Basta lavá-las bem em água limpa usando novamente o coador, e estão prontas a dar aos canários depois de bem coadas.

Podem aguentar-se por mais um dia ou dois no tapawer, mas convém verificar o seu estado, pois rapidamente começam a fermentar exalando um cheiro nauseabundo. Obviamente que neste caso não podem ser dadas aos canários.

Também os recipientes onde são dadas as sementes germinadas devem ser lavados depois de usados uma vez. As sementes devem ser substituídas todos os dias, e eventualmente com mais frequência em dias de muito calor.

 

Depois de germinadas podem ser conservadas por alguns dias num frigorifico. Mas neste caso devem ser retiradas algum tempo antes de serem dadas aos pássaros.

 

Cuscus:

 

São os mesmos que servem para alimentação humana e podem encontrar-se à venda nas lojas de animais.

Devem ser dados misturados com água na proporção de 50% (mais ou menos). A mistura faz-se antes de ser dada a comer e aguarda-se cerca de 2 minutos para absorver a água, ficando uma papa macia.

Os canários apreciam, mas é pobre em vitaminas e em proteínas, pelo que não deve ser dado em muita quantidade já que os canários deixam de comer a para que é mais rica.

Deve ser mudada ao fim do dia e lavado o recipiente, já que esta mistura húmida começa a ganhar bolores.

 

Ruskies:

 

São mais difíceis de encontrar que os cuscus, mas podem encontrar-se em casas da especialidade. Servem como alternativa aos cuscus.

São preparados da mesma forma que os cuscus, e devem ser usados com as mesmas precauções.

 

Tanto os ruskies como os cuscos, por serem pobres em proteínas e em gorduras podem ser usados para a alimentação dos canários quando estão muito gordos, em substituição da papa.

 

 

Algumas experiências

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Com algumas raças mais afoitas a criar é possível meter um macho com várias fêmeas. Fiz a experiência e registo as minhas conclusões:

  • Experimentei com as raças Harz, Border e Arlequim Português. Apenas tive sucesso com a raça Harz, sendo completamente impossível este processo com os Border, já que os casais desta raça são mais exigentes em termos da escolha dos seus parceiros.
  • Num viveiro com 1 metro usei 1 macho e 4 fêmeas. Com menos fêmeas não obtive sucesso e o espaço não permitia mais fêmeas. A taxa de ovos ‘galados’ é muito boa. É agora necessário ter muito cuidado com a criação e a insistente tentativa de algumas fêmeas em perturbar as crias de outras fêmeas já nascidas. Se possível, deve-se separar cada fêmea depois de ter completado a sua postura. Por volta do 15º dia após o nascimento dos filhotes pode-se voltar a juntar o macho (e as outras fêmeas). Normalmente, uma fêmea sem filhotes ajuda a criar os filhotes da fêmea do lado. Também é possível que uma fêmea abandone os seus filhotes se apenas tiver um ou dois e ao lado houver um ninho com 4 passarinhos. Ela sentir-se-á tentada a alimentar o ninho com mais passarinhos. Também por isto é importante separar as fêmeas depois da postura.
  • A taxa de sucesso não é superior a ter 4 casais, mas é superior a ter 3 casais.