Acalmia do tráfego e o uso das lombas
   
Artigo de opinião
Publicado em 21/07/2015


(Original em PDF)

O uso de lombas tem vindo a ser encarado como medida de redução das velocidades das circulações motorizadas contribuindo-se assim para um melhor ambiente urbano e nomeadamente para a redução da sinistralidade em particular dos acidentes com peões.

Trata-se de medidas de recurso, embora de fácil e rápida instalação no caso das lombas curtas, mas também com efeitos negativos nomeadamente para os veículos e utentes de determinado tipo como sejam os autocarros, veículos pesados e de emergência.

Parece ser assumido que teremos que conviver com este tipo de soluções que apenas se destinam a corrigir maus comportamentos ou distrações dos condutores e até de peões penalizando, pelos incómodos e eventuais danos, cidadãos mais cívicos ou atentos.

Há ainda soluções alternativas para efeitos de acalmia do tráfego como sejam o uso das rotundas, semáforos, estrangulamentos, gincanas, entre outras, que devem ser encaradas no planeamento e conceção dos projetos, quer se trate de vias inseridas em expansões urbanísticas, quer na remodelação de arruamentos existentes.

O uso de lombas alongadas inseridas em travessias de peões, que se tem verificado em Bragança, por me parecerem nalguns casos opções evitáveis, merece-me algumas críticas.

 

Na zona dos novos edifícios da sede do município, parece que se tomou uma atitude preventiva incluindo-se na execução dos novos arruamentos as ditas lombas. No entanto, parece-me que seria de dispensar essa opção nos casos como o ilustrado na foto ao lado.

Trata-se de um entroncamento de uma faixa com vias de sentido único, gerador de um mínimo de conflitos entre veículos, com ampla visibilidade, fraca presença de peões e onde as velocidades seriam baixas por natureza, pela necessidade de mudar de direção.


À parte alguns defeitos no seu desenho, a rotunda junto aos SS do IPB na av Sá Carneiro, mesmo na forma como se encontra após remodelação, permitiria a dispensa de lombas nas vias de aproximação.

A serem usadas estas lombas, e parecendo-me que o que estava ali mais deficiente era a rede pedonal, nem seria necessário a remodelação profunda do cruzamento.

Na alameda Santa Apolónia introduziram-se duas novas lombas em passagens de peões. Uma delas em substituição doutra lomba estreita existente na proximidade! Ora, haveria que encarar soluções alternativas para este arruamento, por exemplo pela redução do número de vias de circulação entre outras.

Penso, assim, que se deveriam estabelecer outros critérios de intervenção nos diversos arruamentos da cidade, que não sejam intervenções isoladas, seja no sentido da necessidade de aumentar a segurança das circulações motorizadas e pedonais, seja da sua comodidade, ou mais em geral da melhoria do ambiente urbano, mas sim de uma forma integrada, que inclua medidas passivas indutoras nos cidadãos de comportamentos tendentes à acalmia geral do tráfego.

  In jornal "Nordeste" de 21 de julho de 2015
     
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